Zema consegue apoio do Centrão para derrubar os vetos do Propag
Bancadas nacionais de partidos do centro sinalizaram apoiar Minas Gerais na apreciação dos vetos do presidente Lula ao programa de refinanciamento da dívida
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Siga noO governador Romeu Zema (Novo) se reuniu com a bancada mineira da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (11/6), para articular a derrubada dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag), principal pauta do estado no Congresso Nacional.
O estado conseguiu apoio das bancadas da federação União Brasil-PP, Solidariedade e MDB, que somam 158 parlamentares.
Três negativas do governo Lula (PT) ao projeto são prioridade de Minas Gerais. O governo quer derrubar o veto ao uso do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR). Segundo estudos da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF), a negativa de Lula resulta em menos R$ 12 bilhões que poderiam ser usados para amortização de 20% do saldo devedor (R$ 165 bilhões), na busca para zerar os juros de 4% da dívida.
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Outro veto foi a não inclusão das dívidas garantidas, que são débitos com outras instituições financeiras e que estavam negociadas no Regime de Recuperação Fiscal. De acordo com estudo da SEF, o impacto do Propag sem esse veto seria de R$ 1,7 bilhão em 2026, enquanto a negativa subiu a previsão para R$ 4,64 bilhões.
Por fim, o veto a suspensão dos limites de gastos com pessoal na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Como consequência, o estado tem que retornar ao limite de gastos com servidores em dois quadrimestres, caso extrapole os 49% do total da Receita Corrente Líquida (RCL). Segundo Zema, se esses vetos não foram negociados, a União terá que socorrer os estados no futuro.
“Os estados vão se tornar inviáveis, e vai custar muito mais caro. Se os juros do Brasil são altos, e os estados não conseguem pagar, isso não é culpa dos estados. A arrecadação dos estados não acompanha o crescimento da dívida. É igual alguém que vai comprar a casa própria e começa comprometendo 10% do salário, e depois de 15 anos compromete 60%”, disse.
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O estudo da SEF ainda estima que o Propag com os vetos teriam um impacto de R$ 7,5 bilhões no caixa do estado em 2026, no caso de amortização de 20% da dívida em ativos. Sem os vetos, o impacto do programa seria de R$ 4,5 bilhões. Somente após 2029, a versão do projeto com vetos seria mais barato para Minas Gerais.
“Estou no fim do meu mandato, no fim da minha gestão, o que quero é deixar um estado governável para o futuro. Durante esses seis anos e meio, tive enorme dificuldade em fazer a gestão de Minas Gerais, pagando esses juros pesadíssimos para a União”, completou o governador.
Reunião com Zema
Dos 53 deputados federais mineiros, 31 estiveram reunidos com Zema. O governador foi até Brasília acompanhado do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), do procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Paulo de Tarso, e da defensora pública-geral, Raquel da Costa Dias.
Segundo o deputado federal Zé Silva (Solidariedade), líder do Governo de Minas na Câmara, a pauta também une todos os partidos da bancada mineira, desde o PL ao PT. Ao Estado de Minas, o parlamentar destacou que a reunião resultou em um documento pela derrubada dos vetos e que vai buscar a de toda bancada mineira.
“Ficou muito claro que não se trata dos estados contra o governo federal para derrubar os vetos. Mesmo com o arrocho fiscal que o governo federal está, é importante que os estados tenham essa estabilidade. São três vetos que não teriam impacto momentâneo na economia”, disse o parlamentar.
O deputado também destacou outros encaminhamentos que devem ser feitos nos próximos dias. De acordo com Zé Silva, Zema se comprometeu em procurar os governadores do Consórcio de Integração do Sul e Sudeste (Cosud), que são os estados mais endividados, enquanto ele articula com as bancadas desses estados e busca apoio da coalizão das Frentes Parlamentares. “Somente a bancada do Cosud representa 256 votos”, destacou.
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Os parlamentares também precisam articular os vetos com o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil), uma vez que eles não travam a pauta até ser votados, diferentemente do que ocorre na Assembleia Legislativa. Ou seja, é preciso que as negativas sejam pautadas.
“Ficou encaminhado que vamos procurar o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o grande arquiteto e autor da lei do Propag, para que na semana que vem tenhamos uma audiência com o Alcolumbre para pautar o mais rápido possível a apreciação dos vetos. Nossa luta é para que sejam pautados antes do recesso parlamentar”, completou Zé Silva.